
Dorrit Harazim: “Nas Olimpíadas de Londres nós jornalistas teremos que sair caçando atletas no laço, pois há pouco atleta para muito jornalista”
Fotos: Rodrigo Gomes
Por Yahell Luci Lima (4º ano/ Faculdades Rio Branco)
Nas próximas Olimpíadas, em Londres, serão 10.500 atletas participando das competições e 21.000 jornalistas credenciados para fazer a cobertura do evento. “Isso quer dizer que nós jornalistas teremos que sair caçando atletas no laço, pois há pouco atleta para muito jornalista”, afirmou Dorrit Harazim, durante sua palestra no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo promovido pela Abraji. Ela participou da cobertura de todas as edições de Jogos Olímpicos desde 1980 e é uma das fundadoras da revista Piauí.
Além das dificuldades para fazer contato com os atletas, Dorrit salientou que os jornalistas terão outros problemas para realizar a cobertura desse megaevento esportivo. O acesso aos espaços aonde os jogos acontecerão será complicado, segundo ela, já que em diversas ocasiões não haverá lugares para acomodar a quantidade de jornalistas presentes, como nas finais de modalidades muito disputadas.
Em meio a essas dificuldades, a ideia de ficar apenas no centro de imprensa para fazer a cobertura do evento pode ser tentadora, uma vez que ali há painéis, detalhes e câmeras especiais transmitindo informações sobre todos os jogos.
Mas esse é um péssimo negócio, afirma Dorrit, pois determinadas sensações e observações só são possíveis de ser traduzidas para o leitor, espectador ou ouvinte quando se está presente ao evento. “É apenas nessa hora que você tem a chance de fazer a diferença”, ressaltou.

Carina Almeida: “A missão do Comitê Olímpico é disseminar o esporte olímpico e, sendo assim, disseminar informações sobre os atletas brasileiros precisa ser também uma tarefa dele”
Carina Almeida, sócia-diretora da Textual – empresa que desenvolveu projetos de comunicação para as últimas quatro edições da Copa do Mundo de Futebol e dos Jogos Olímpicos – informou que, durante os jogos Pan-Americanos e Olímpicos, o Comitê Olímpico organiza um tipo de agência de notícias, com grupos de jornalistas e fotógrafos produzindo e divulgando informações em tempo real sobre o evento.
Em Pequim (2008), esse comitê gerou quase 800 notícias em tempo real sobre a delegação brasileira e quase 900 fotos foram oferecidas gratuitamente para a imprensa.
“Essas informações ajudaram tanto quem estava no evento e não conseguia fazer a cobertura de todas as modalidades esportivas quanto os veículos de comunicação brasileiros não presentes”, disse Carina. Segundo ela, o Comitê Olímpico entende que “sua missão é disseminar o esporte olímpico e, sendo assim, disseminar informações sobre os atletas brasileiros precisa ser também uma tarefa dele”. Para ela, esse trabalho não representa uma concorrência com os jornalistas que estão credenciados e sim uma forma interessante de contribuir para o trabalho da imprensa.

O presidente da Abraji, Marcelo Moreira, moderou a mesa
Os jogos olímpicos não são apenas 44 campeonatos mundiais de diferentes modalidades acontecendo no período de 17 dias. De acordo com Carina, o evento é muito mais do que isso e impacta diretamente em áreas como a economia e a infraestrutura urbana. Por esse motivo, ela afirma que a imprensa tem que se preparar muito bem para cobrir um evento desse porte.
Cobertura de Megaeventos Esportivos
Palestrantes: Dorrit Harazim e Carina Almeida
Data: 14/07/12 – 14h
Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.