Foto: Rodrigo Gomes
Por Olívia Freitas (3º ano / Universidade São Judas Tadeu)
Um dos maiores impasses do século XXI: o desenvolvimento econômico aliado à sustentabilidade foi tema da mesa da economista Amyra El Khalili e do geógrafo Saulo Rodrigues no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. A palestra “Economia e sustentabilidade: um paradoxo do desenvolvimentismo” colocou em cheque a eficácia e a banalização da sustentabilidade e o desafio do crescimento consciente.
Para Saulo, não existe uma avaliação exata do que seja desenvolvimento sustentável. “É preciso buscar conceitos diferentes de crescimento. Nunca vamos atingir a ideia sustentável, porque é um processo continuo, envolve vários aspectos da sociedade, é muito dinâmico e não permite processo permanente”, explica. Ele disse que há necessidade de reconhecermos que existem limites para o desenvolvimento, porque cada vez mais os cientistas têm certeza que não se conseguirá substituir os materiais extraídos do meio ambiente.
Amyra também é pessimista no que se refere à relação entre economia desenvolvimentista e desenvolvimento sustentável. Segundo ela, a velocidade do sistema financeiro é uma e a da sustentabilidade é outra, em longo prazo, e o sistema capitalista não tem tempo para esperar os retornos financeiros com essa prática de evolução consciente. “É preciso uma nova consciência para o mercado com base no tripé educação, informação e comunicação. É um trabalho de longo prazo.”
Amyra El Khalili, economista: “Jornalista que cobre economia tem a visão de que sustentabilidade trava o capital e aquele que cobre o tema meio ambiente tem um olhar muito forte contra o capitalismo”Saulo afirma, que devido à popularização da palavra, o termo sustentabilidade está banalizado.
Ele expôs dois conceitos de sustentabilidade, a considerada sustentabilidade fraca, que defende que podemos continuar com o desenvolvimento e que futuramente compensaremos as perdas ambientas; e a sustentabilidade ecológica / forte, que reconhece que há limites para o avanço capitalista.
A pegada ecológica foi outro ponto abordado pelos palestrantes. Trata-se de um método de indicação da pressão exercido pelo meio antrópico – relativo às modificações provocadas pelo homem no meio ambiente. Ela mostra que o desenvolvimento sustentável depende de uma revisão de valores, principalmente do empresariado.
O relatório final da Conferência Rio+20 foi contestado por Amyra e Saulo. “Fiquei decepcionado com o resultado. O documento que fazia o reconhecimento dos limites naturais (de preservação) sumiu na versão final”, disse Saulo, que pondera, contudo, que o fato de a preocupação ambiental estar na agenda mundial dos governos já representa uma evolução.
Amyra contou que a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, foi mal entendida pela imprensa. O evento pregou contra métodos do capitalismo. “Jornalista que cobre economia tem a visão de que sustentabilidade trava o capital e aquele que cobre o tema meio ambiente tem um olhar muito forte contra o capitalismo”, considera. “Mas isso vai mudar depois da Rio+20. Eles vão ter que se entender.”
Economia e sustentabilidade: um paradoxo do desenvolvimentismo
Palestrantes: Amyra El Khalili e Saulo Rodrigues
Data: 14/07/12 – 14h
Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.