Foto: Rodrigo Gomes
Por Paola Perroti (2° ano/Cásper Líbero)
Os psicólogos Bruno Ramos, presidente e coordenador de projetos do Centro de Convivência É de Lei, e Marcelo Sodelli, presidente da ABRAMD – Associação Brasileira Multidisciplinar de Estudos sobre Drogas, são contra a visão que a sociedade em geral possui, e que a mídia reforça, a respeito dos usuários de drogas, principalmente de crack. Ambos possuem projetos de assistência a dependentes e afirmam que é necessário mudar o estigma do “noia”. O jornalista Claudio Tognolli moderou o painel.
No painel “Crack”, realizado no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, no dia 14 de julho, eles falaram para jornalistas e estudantes sobre a Cracolândia que poucos veem e sobre as reais questões por trás da dependência.
O objetivo do Centro de Convivência É de Lei, que atua na região, é estimular o autocuidado e maneiras de inserção na sociedade sem ter como primeiro e único mote fazer com que o viciado pare de usar a droga.
Marcelo Sodelli reforçou a visão de que a droga não é o problema. “Todos nós usamos drogas. Quem aqui não toma café?” Para ele, as drogas são um escape para pessoas que não conseguem lidar com suas vulnerabilidades, mas ações proibicionistas não são o caminho para a solução deste problema. “O slogan ‘diga não às drogas’ é uma forma simplificada de tratar de uma questão bem mais profunda. Algumas pessoas simplesmente não querem parar de usar drogas.”
Dentro da Cracolândia há muitas pessoas que não estão ali só por causa da pedra, mas também pelo universo paralelo que surgiu na região, destacou Bruno Ramos, que acredita ser muito mais uma questão de sociabilidade. “O crack criou uma nova dinâmica na vida dessas pessoas, a pedra vai virando moeda de troca e ali se torna um bazar e local de encontro. Ali, os usuários se sentem parte de algo e se relacionam com pessoas que possuem interesses e histórias semelhantes.”
O olhar de São Paulo sobre o crack
No começo do ano, a Prefeitura de São Paulo promoveu uma ação que buscava resolver o problema do crack na região central da cidade. Desde então, a Cracolândia ganhou grande visibilidade nas páginas dos jornais e nos noticiários. A imprensa e a sociedade voltaram seus olhos novamente para a questão da dependência química e suas consequências. Mas como é este olhar?
O usuário de drogas é retratado como alguém que perde o total controle de suas faculdades e seu vício é associado a um comportamento violento, sendo muitas vezes tratados como pessoas sem alma e sem salvação.
Crack
Palestrantes: Bruno Ramos e Marcelo Sodelli
Data: 14/07/12 – 14h
Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.