Atuais, aspirantes e ex-repórteres do futuro trocam experiências durante o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Sergio Gomes, coordenador geral do Projeto Repórter do Futuro: “Estudantes querem, sim, aprender jornalismo de verdade. O jovem continua interessado em conhecer a realidade para transformar o mundo em algo melhor do que o que temos”

Foto: Leandro Melito

Por Luana Copini

O jornalista e diretor da Oboré – Projetos Especiais em Comunicação e Artes, Sergio Gomes, afirmou neste sábado (14) que os cursos de jornalismo são deficientes.

Gomes se reuniu com jornalistas e estudantes de jornalismo durante o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo para conversar sobre o Projeto Repórter do Futuro. O Congresso aconteceu na Universidade Anhembi Morumbi, de 12, 13 e 14 de julho.

Promovido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o evento reuniu jornalistas, estudantes e professores de jornalismo interessados nas melhores práticas jornalísticas e técnicas de reportagem.

Complementação universitária 

Para o jornalista, a otimização do tempo e a deficiência do modelo acadêmico atual, aliadas à falta de entusiasmo por parte de muitos estudantes, fazem com que pessoas engajadas e crentes num jornalismo de qualidade se organizem para promover cursos de complementação universitária, como é o caso do Projeto Repórter do Futuro. “Temos o cuidado de oferecer cursos em dias e horários que não colidam com as atividades dos estudantes na universidade. O objetivo não é substituir o ensino das escolas e sim complementar o aprendizado, atendendo aos alunos que se destacam pelo interesse em aprender mais do que lhes é oferecido na academia”, disse.

O projeto tem como principal objetivo oferecer alternativas e incentivo ao desenvolvimento pessoal e profissional às carreiras dos futuros repórteres. É um curso de complementação universitária voltado para estudantes de jornalismo, criado em 1994 com o nome de Repórter 2000.

Como uma alternativa para suprir a necessidade destes jovens estudantes de jornalismo, o projeto foi concebido pela Oboré com apoio da ABI – Associação Brasileira de Imprensa e da Associação dos Cronistas Parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo. Hoje, conta com o apoio das coordenações dos cursos de jornalismo de algumas universidades e de instituições variadas.

Já sobre a realidade das universidades, os estudantes expõem dificuldades que encontram: a falta de interesse no ensino por parte de alguns professores, excesso de burocracia para utilização da estrutura física (laboratórios, equipamentos). Durante conversa com os jovens jornalistas, Gomes destacou ainda muitos aspectos do ofício de repórter como as dificuldades da profissão, o entusiasmo dos jovens aspirantes ao jornalismo, movimentação na internet e nas ruas, as novas mídias e a função de repórter.

Além do encontro, há três ações paralelas do Projeto Repórter do Futuro durante o Congresso: a atuação dos Repórteres do Futuro na Cobertura Oficial do evento, a divulgação e promoção do “XI Curso de Informação sobre Jornalismo em Situações de Conflitos Armados” e a apresentação do “Projeto 1000 em 1”.

Saiba mais

Projeto Repórter do Futuro (site-laboratório)

Oboré

Reunião de participantes do Projeto Repórter do Futuro
Palestrante: Sergio Gomes
Data: 14/07/12 – 11h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

Repórteres do Correio revelam bastidores de matéria sobre homicídios em Salvador indicada ao Prêmio Esso

Juan Torres e Victor Uchôa, do Correio, abordaram a escalada de mortes na capital baiana em série de cinco reportagens

Fotos: Leandro Melito

Por Fernanda Lima (4º ano / Anhembi-Morumbi)

“Uma história emocionante, daquelas que nos faz sentir que estamos na profissão certa”, afirmou a estudante de jornalismo Mônica Castro, que não conseguiu esconder a felicidade ao sair da palestra 1000 vidas, apresentada por Victor Uchôa e Juan Torres. A dupla de jornalistas do jornal Correio, de Salvador, esteve presente no 7º Congresso de Jornalismo Investigativo, contando como foi o processo de produção da grande reportagem que chegou a ser finalista da 56ª edição do Prêmio Esso de Jornalismo.

Segundo a dupla, o projeto começou em janeiro do ano passado, quando em um único final de semana foram registrados 30 homicídios. A capa do  Correio do dia seguinte noticiou: “A capital da violência”. Alguns dias depois, a polícia decidiu não falar mais com a imprensa, muito menos divulgar as informações que eram de domínio público. “Eles se fecharam em uma bolha de informação. Demos a capa do dia 18 como ‘Crime, que crime?’”, lembrou Juan Torres.

A Secretaria de Segurança Pública decidiu, então, divulgar os boletins de ocorrência online, em um sistema que tanto a imprensa quanto os cidadãos poderiam acessar. Foi a partir dos boletins que a dupla teve a ideia de usar os dados para subsidiar algumas matérias.

O número de homicídios não parava de crescer, e eles criaram um gancho: esperar a milésima morte, escolhida como símbolo para a reportagem. A dupla se programou e dividiu a série em cinco dias, em que o objetivo do primeiro era apresentar um perfil da vítima.

Juan Torres: “É um desafio mostrar os números de forma interessante, humanizá-los. Números normalmente são enfadonhos.”

Para fazer a primeira matéria da série, os jornalistas acompanharam a morte de Wesley Morais Oliveira, o morto número 1.000. “Fomos à casa da família, conversamos com os colegas de escola dele e seguimos até o local onde seria enterrado. Ao chegar, deparamos com o corpo jogado em uma vala, esquecido e com as moscas voando sobre ele. Logo em seguida, o irmão do Ueslei chegou, tirou a camiseta e começou a espantar as moscas.”

Eles apresentaram os números aos leitores, com textos misturados a infográficos minuciosos. “É um desafio mostrar os números de forma interessante, humanizá-los. Números normalmente são enfadonhos”, afirmou Juan Torres, que contextualizou historicamente os homicídios, comparando-os aos de 2008 e 2010.

No terceiro dia, a ideia era fazer uma crônica sobre o bairro Paripe, o mais violento de Salvador. No penúltimo dia, os repórteres apresentaram os autos de resistência da Segurança Pública. O quinto e ultimo dia ainda não havia sido planejado.

Então, a dupla foi procurar pessoas que deveriam estar na lista de mortos, mas que por algum motivo conseguiram se salvar. “Tentamos não tornar a matéria sensacionalista, caindo no piegas e no dramalhão. Quisemos contar a história de uma forma diferenciada”, disse Uchôa.

Torres e Uchôa afirmam que durante toda a produção da reportagem não tiveram tempo para outra atividade. Passavam os fins de semana em casa, coletando e checando dados. “Mas valeu a pena e deixou, sem dúvida, uma grande lição: nós não podemos ser o obstáculo da nossa pauta”, afirmou.

1000 vidas
Palestrantes: Juan Torres  e Victor Uchôa
Data: 13/07/12 – 11h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

Jornalistas debatem relação de amizade e comportamento ético entre imprensa e fonte

Maria Cristina Fernandes, do Valor Econômico – em mesa moderada por Marcelo Beraba, da Abraji: “Nos últimos 25 anos, cresceu o papel da imprensa. Me pergunto se estamos cumprindo nosso papel ético?”

Foto: Rodrigo Gomes

Por Olívia Freitas (3º ano / Universidade São Judas)

O limite entre fontes e repórteres sempre é colocado em cheque dentro das redações. Para discutir o tema, na palestra “Jornalistas e fontes – limites éticos e legais”, o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo convocou dois jornalistas com grande experiência, a editora de Política e colunista do jornal Valor Econômico, Maria Cristina Fernandes, e o diretor da Abraji e do Grupo Estado, no Rio, Marcelo Beraba.

“Nos últimos 25 anos, cresceu o papel da imprensa. Me pergunto se estamos cumprindo nosso papel ético?”, questionou Cristina.

Recentemente, um dos casos que mais esteve em evidência na mídia foi a cassação do mandato senador Demóstenes Torres. Beraba contestou a apuração jornalística nesse fato. “O Demóstenes, nos últimos anos, foi uma grande fonte da imprensa. Por que nenhum jornalista questionou o discurso dele? Será que ele não defendia os bicheiros?”, indagou. Cristina também acredita que a imprensa falhou nessa cobertura. “Nós falhamos como repórteres. Só nos demos conta, quando vimos o grampo na mão”, disse.

Para os jornalistas, manter distanciamento estratégico das fontes é fundamental para uma boa apuração. A relação deve ser apenas de contato. O repórter precisa estar atento para saber até que ponto a relação é profissional ou de amizade.

“É uma relação difícil. Os jornalistas devem manter aproximação com as fontes, mas com certa distância. As fontes sempre terão algum interesse”, afirmou Cristina. “Já vi jornalistas terem relação promíscuas com fontes e muitos se afundaram”, disse Beraba.

A editora de Política do Valor Econômico também destacou que o jornalista só cria laços com fontes com o tempo e isso exige maturidade do profissional para que não vire um laço de amizade. “Temos que ter humildade para saber a relevância do que escrevemos”, afirmou Cristina.

Segundo a jornalista, muitos repórteres se equivocam quando acreditam que as fontes são deles. Para ela, a fonte é do meio para o qual ele trabalha, só vai divulgar informações se o veículo for de seu interesse para a questão. “A fonte é do jornal, ela só fala porque temos para onde escrever. É evidente.”

Beraba acredita que o jornalista deve buscar suas fontes na rua, fazer uma apuração menos local e mais nacional.

Maria Cristina também citou o discurso do jornalista Janio de Freitas, na sessão solene que o homenageou no Congresso da Abraji, em que afirmou que os jornais estão copiando a internet, e ela por sua vez, copiando o impresso. “Estamos falando das mesmas coisas, com as mesmas fontes. Como o jornalismo vai se renovar assim?”

Jornalistas e fontes – limites éticos e legais
Palestrante: Maria Cristina Fernandes
Data: 14/07/12 – 9h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

Apoio institucional é apontado como forma de financiamento para mídia independente

Iniciativas como o site O Eco e a agência de notícias Pública recebem apoio de organizações financiadoras do terceiro setor

Fotos: Rodrigo Gomes

Por Gabriela Zaniratto (3º ano/Universidade São Judas)

A busca por anunciantes foi tema do painel apresentado na manhã deste sábado, 14 de julho, por Marina Amaral, uma das fundadoras da agência de reportagem e jornalismo investigativo Pública, e Eduardo Pegurier, editor executivo do site de jornalismo ambiental O Eco, durante o 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Ambos frisaram o fato de que seus portais refletem uma atuação online sem fins lucrativos.

As duas mídias, que nasceram de forma independente, têm no apoio institucional a maior fonte de recursos. “As empresas se interessam pelo financiamento à mídia no Brasil, algo que já é feito no exterior”, explica Marina, cujo projeto tem a Fundação Ford como maior investidora. No caso de O Eco, a Fundação Boticário é a maior financiadora da iniciativa.

Marina Amaral, da Pública, destacou o financiamento colaborativo (crowdfunding) como fonte de captação de recursos

Outros caminhos apontados foram o financiamento direto, feito por pessoas físicas por meio de doações, e o uso do Crowdfunding, que consiste na concessão colaborativa de bolsas aos repórteres, para que tenham o apoio financeiro necessário à investigação de suas matérias. “É uma ideia (crowdfunding) legal que estamos pensando em trabalhar. Já temos oito colaboradores repórteres como micro-bolseiros”, informa Marina.

Eduardo Pegurier, de O Eco, aconselha a gerir o portal como se fosse uma microempresa desde o primeiro dia

Como conselhos, Pegurier deixa ingredientes básicos para que novos projetos informativos tenham sucesso. Diferencial, foco e ligação com profissionais experientes que estabeleçam uma boa rede de contatos são quesitos que devem estar presentes desde a fundação do portal. Depois, percorrer o caminho institucional é indispensável, considerando o acompanhamento da audiência e da administração do negócio. “É como se fosse uma microempresa”, finaliza o jornalista.

Financiamento do jornalismo: para além dos anunciantes
Palestrante: Marina Amaral  e Eduardo Pegurier
Data: 14/07/12 – 9h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Pand Books, Propeg, Textual e UNESCO.

“O esporte é a vanguarda do atraso no Brasil”, diz fundador do Lance!

Foto: Alexandre Maciel

Por Mateus Netzel (2ºano/ECA-USP)

Com essa frase, Walter de Mattos Jr., fundador do jornal Lance!, encerrou o painel “Copa 2014: organização e infraestrutura” na sexta-feira, 13 de julho, no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. Juntos, Walter e o jornalista Juca Kfouri comentaram o andamento da organização da Copa do Mundo de 2014 e fizeram duras críticas ao Comitê Organizador Local e aos seus diretores Ricardo Teixeira e seu substituto José Maria Marin.

Apresentando dados estarrecedores sobre o investimento de dinheiro público em obras de infraestrutura, Walter de Mattos apontou falhas capitais na organização do que seria a “Copa do investimento privado”, como o indicativo de que dos 27,1 bilhões de reais investidos até agora, apenas 4,2 bilhões não veio dos cofres públicos.

Sobre a capacidade do Brasil de abrigar uma Copa, Juca Kfouri foi claro: “Nós podemos perfeitamente fazer uma Copa do Mundo no Brasil, mas tem que ser a Copa do Brasil, não a da Alemanha, ou a da Ásia. Não há nada que justifique um estádio para 70 mil pessoas em Brasília ou Manaus”. A grande crítica dos dois jornalistas não foi dirigida ao evento em si, mas à forma como ele está sendo realizado no país, baseada em barganhas políticas de um grupo seleto de organizadores.

“A Copa é um grande anúncio que o país faz de si mesmo”, afirmou Juca Kfouri, indicando que ele pode ser bom como os Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, ou ruim como os de Atenas em 2004, que ajudaram a quebrar financeiramente a Grécia. Outros benefícios para o país organizador foram lembrados pelos palestrantes, como o reconhecimento do país no resto do mundo e o lucro com o turismo.

No entanto, a maior reflexão do encontro se dirigiu à estrutura do esporte no Brasil. “A última instituição a mudar no Brasil será a superestrutura do esporte”, afirmou Kfouri, enquanto Walter de Mattos pontuou: “O esporte no Brasil é mais atrasado que a política, que possui punição e transparência, por mais que falha. A governança no esporte é muito pior que a da política”. Os dois jornalistas deixaram claro que os problemas na organização da Copa não são pontuais e as perspectivas para as Olimpíadas não são muito melhores.

Copa 2014: organização e infraestrutura
Palestrantes: Juca Kfouri e Walter de Mattos Jr.
Data: 13/07/2012

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

Jornalistas falam sobre sistemas de auxílio no trabalho investigativo

Foto: Leandro Melito

Por Alexandre Maciel (3º ano/PUC-SP)

Na sexta, 13 de julho, o 7º congresso internacional da Abraji tratou de algumas das Novas Fronteiras do Jornalismo. Como convidados, contou com David Kaplan, da Global Investigative Journalism Network (GIJN), e Sarah Cohen, professora de práticas no jornalismo e políticas públicas na Duke University, Carolina do Norte (EUA). Ambos trataram de sistemas que auxiliam os jornalistas no trabalho investigativo.

Kaplan tratou, sobretudo, do âmbito colaborativo de redes globais e como podemos entrar nelas. Também abordou algumas ferramentas estruturais que contribuem para as transformações pelas quais o jornalismo investigativo está passando.

Para ele, estamos colaborando muito mais que no passado – devido aos meios online e novas fontes de recursos. “Num mundo de histórias pela internet, você tem de estar ligado internacionalmente.” Segundo ele, isso é muito fácil de fazer hoje em dia e destaca ferramentas muito utilizadas atualmente, como o Twitter e o Facebook.

Uma das técnicas utilizadas para, por exemplo, encontrar outros jornalistas pelo mundo é inserindo mensagens nessas ferramentas do tipo “estou procurando jornalistas na Grécia ou África do Sul”. Se o jornalista estiver coletando informações em outros países sobre empresas internacionais que estão fazendo investimentos suspeitos na Amazônia, podemos estabelecer conexão com outros jornalistas do país de origem da empresa que se deseja investigar.

Como exemplo, Kaplan citou um projeto sobre corrupção presente na Europa e Eurásia, que lista os 100 maiores de chefes mafiosos da Europa ocidental. Para que um país tenha um bom desenvolvimento, é preciso que tenhamos uma mídia “watchdog” (cão de guarda), tão importante “tal qual a reforma agrícola, ter boas escolas e investir em saúde pública.”

Já Sarah abordou softwares que auxiliam os jornalistas em suas buscas. Iniciou falando sobre o Reporters’ Lab, plataforma cuja ideia é “sair por aí coletando todas as ferramentas legais que dizem que vai dar certo e testam para ver sobre quais condições vão funcionar e em quais condições funcionam”.

Ela também destacou ferramentas ainda pouco utilizadas por mero desconhecimento, como opções do Google Labs, ou ferramentas de visualização de documentos, como Nodexl, muito útil para investigar dados sobre crime organizado e redes de corrupção e que não requer muitos conhecimentos em informática. Entre as mais importantes ela destacou o TimeFlow, criado pela Duke Univertity para criar uma linha do tempo dos dados.

Novas Fronteiras para o Jornalismo
Palestrantes: David Kaplan e Sarah Cohen
Data: 13/07/2012 – 9h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Pand Books, Propeg, Textual e UNESCO.

A arte de fazer um político falar

 

Foto: Leandro Melito

Ricardo Rossetto (2º ano / Cásper Líbero)

Entrevistar um político pode ser uma tarefa difícil até mesmo para os repórteres mais experientes. Em primeiro lugar, porque certamente a maioria deles não vai com a cara dos jornalistas, o que já cria uma relação tensa antes mesmo de a conversa acontecer. Além disso, o jornalista tem que ter a sensibilidade e a sagacidade necessárias para entrar no “jogo” do entrevistado e dali obter as melhores declarações. Muitas vezes, é uma brincadeira de gato e rato, que pode render tanto uma história engraçada como uma revelação surpreendente.

Durante a realização da palestra “Como Entrevistar Políticos”, realizada às 9h desta sexta-feira (13), dentro do Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, o jornalista Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Bandeirantes, que trabalha há quase 40 anos na área, declarou que ainda busca a excelência em suas entrevistas com deputados, senadores, ministros e  presidentes. “Nossa profissão tem um desafio constante de tentar arrancar do entrevistado aquilo que precisamos para as nossas matérias. O repórter precisa estar atento e possuir um grande repertório sobre aquele político em questão”, pontua Mitre. “É importante ler suas declarações anteriores, estudar suas posições político-ideológicas. É mesmo difícil tirar de um político aquilo que ele não quer dizer, por isso temos que estar armados.”

Novos meios de comunicação colaboram para uma cobertura mais abrangente e democrática da política, sendo o principal deles a internet. Também participante da palestra, Fernando Rodrigues, correspondente da Folha de São Paulo em Brasília, comanda um blog no UOL onde fala, evidentemente, sobre poder e política. “A internet possibilita uma oportunidade maravilhosa. No blog, eu entrevisto os políticos e autoridades que têm algo a dizer sobre o assunto polêmico em questão”, afirma Fernando. “Temos as entrevistas completas, mas também disponibilizamos as partes fracionadas, em links. Essa plataforma nova tem permitido conseguir o principal: arrancar do entrevistado sua declaração mais importante”, ressalta. O jornalista já obteve a afirmativa do ex-ministro da Defesa de Lula, Nelson Jobim, sobre seu voto em José Serra, e a confirmação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, da possibilidade de prescrição dos crimes do escândalo do mensalão.

Pior do que o político que foge da pergunta, a exemplo de Paulo Maluf, prejudica a vida do jornalista o parlamentar que não abre a boca e sempre alega não ter o que declarar. “O repórter, nesse caso, tem que se virar de uma maneira que não falte cordialidade, mas ele tem que ir pra cima de forma que mostre ao leitor, ouvinte ou telespectador que o não dito é mais importante do que tudo o que foi falado. Esse é o desafio” ensina Fernando Mitre. “Você não pode obrigar o entrevistado a falar, mas deve criar um clima em que o público perceba que coisas importantes ficaram de fora.”

Como entrevistar políticos
Palestrante: Fernando Rodrigues e Fernando Mitre
Data:13/07/2012

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

A fonte que todo jornalista sonha: Antônio Sergio Ribeiro, o “homem acervo”

Foto: Leandro Melito

Por Raquel Brandão ( 4º ano / Universidade São Judas Tadeu)

Nenhuma história nasce apenas com personagens. Cenário, contexto, acontecimentos e pequenos detalhes dão a liga e unem os retalhos que compõem uma narrativa. E se cabe aos jornalistas narrarem as histórias reais, nada melhor do que contar com uma fonte inesgotável de informações.

Antônio Sérgio Ribeiro é diretor Departamento de Documentação e Informação da Assembleia Legislativa de São Paulo, mas fora do expediente é colecionador metódico, organizado e de memória prodigiosa. Tornou-se um verdadeiro “arquivo vivo” aos 14 anos, para um trabalho de escola, no qual descreveu a vida da cantora Carmen Miranda. Mas a escassez de material fez com que decidisse montar seu próprio acervo. Ao final, se transformou em um especialista sobre a cantora. Fez mais:  pesquisou a vida do presidente Getúlio Vargas e sobre a época dessas duas grandes personalidades da história brasileira.

Hoje, são 5 mil livros, 1 mil discos de vinil e mais 1 mil filmes em VHS ou DVD. Tem coleções completas, ou quase, das revistas “A Noite Ilustrada”, “O Cruzeiro”, “Revista do Rádio”, “Seleções”, “A Carioca” e também dos jornais “O Estado de S. Paulo”, “Folha de S. Paulo” e “Correio Paulistano”. Seu acervo é resultado de constante busca, seja ganhando ou comprando materiais e, no caso de alguns jornais, em permuta com o Arquivo Nacional.  Além disso, Ribeiro coleciona carros antigos.

 

Descoberto por Fernando Morais na década de 1980, ele já se relacionava com o ambiente jornalístico por causa de seu amplo conhecimento histórico, através de correções. Começou em grande estilo, corrigindo informação dada por Cid Moreira no Jornal Nacional. “Estava na Assembleia trabalhando até tarde e assistíamos ao Jornal Nacional, quando, em uma notícia, foi falado sobre a criação do Ministério do Trabalho no Estado Novo. A informação estava errada. O Ministério do Trabalho foi criado no governo provisório do Getúlio, nos anos 1930. Então, meu chefe recomendou que eu ligasse lá. Pouco depois, Cid Moreira anunciou o erro. Todos me aplaudiram. Foi a primeira vez que fiz uma correção”, lembra Antônio Sérgio, que palestrou no dia 13 de julho, no painel “Acervo e pesquisa – o homem que sabia demais”, moderado pelo diretor da sucursal no Rio de Janeiro do jornal O Estado de S.Paulo, Marcelo Beraba, no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji.

Ribeiro participou direta ou indiretamente de ao menos 30 livros. O primeiro deles, “Olga”, escrito por Fernando de Morais em 1985, inspirou o filme homônimo dirigido por Jayme Monjardim, em 2004. Outros títulos que auxiliou no levantamento de informações foram “Chatô – O Rei do Brasil” (1994), e “Corações Sujos” (2000), os dois de Morais; “Carmem: Uma Biografia” (2005), de Ruy Castro; e “Maysa” (2007) e “Getúlio”, que teve seu primeiro volume lançado ainda no primeiro semestre de 2012, ambos de Lira Neto.

O pesquisador diz evitar a internet, “por causa dos erros”.

“Vou sempre em busca da fonte primária”, diz. Como fonte primária, Ribeiro considera os jornais da época e afirma que os erros não aconteciam como acontecem hoje, o que garante a credibilidade da informação. Beraba sugere o debate. “Será que nós, jornalistas, erramos mais hoje ou os erros estão cada vez mais expostos pelos veículos?”

Acervo e pesquisa – o homem que sabia demais
Palestrante: Antônio Sérgio Ribeiro
Data: 13/07/12 – 9h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

“Não sou otimista perante a Lei de Acesso à Informação”, diz Claudio Weber Abramo

Foto: Leandro Melito

Por Camilla Dourado ( 3° ano / PUC SP)

“Acredito que mude algo, mas não sou otimista perante a Lei de Acesso à Informação” afirmou Claudio Weber Abramo, diretor executivo da ONG Transparência Brasil, em painel no 7° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo. “Todavia, trabalhar as informações do Estado e informar o público com qualidade é o papel de ONGs, academia, associações profissionais e empresariais e, obviamente, da imprensa.”

A Lei de Acesso à Informação (12.527/2011) entrou em vigor em 16 de maio, tem como fundamento obrigar órgãos públicos federais, estaduais, municipais a oferecer informações relacionadas às suas atividades a qualquer pessoa que solicitar os dados. “Mas o Direito e o Dever Constitucional de um Estado deve produzir o direito ao acesso a informação, pois esse item se encontra na Constituição Brasileira desde sua existência e não foi criado pela legislação.”

A informação não é importante somente para monitorar um Estado, mas sim por motivos econômicos, em que a qualidade da informação obtida influencia nos resultados. “Uma secretaria de Saúde tem como obrigação espalhar postos. Se não tomar por base as informações necessárias do local, a saúde não será atendida conforme a sua demanda e, consequentemente, o município ou estado gastará mais dinheiro tendo que investir nos suprimentos restantes para cobrir essa demanda” exemplificou Abramo.

Para ele, sempre que as coisas se movem na sombra, a possibilidade de proveito para o bem próprio é alta, até porque, “tramoias” ocorrem diariamente em todo canto e são desconhecidas pela população. “Falta investimento nas redações e editorias especializadas em investigações para que esse trabalho seja bem feito”, disse.

“O que me leva ao ponto que parece crucial é como a oferta da informação deve ser tratada. Mas que nada diz a respeito da demanda. Isso é inútil, se não houver pessoas solicitando a informação.”

Mas quem deve fazer a demanda? Contraditoriamente, não é feita por cidadãos privados. Mesmo com suas falhas, a imprensa, que não é um quarto poder, além do dever de buscar a informação e transmitir a seu público, assume essa responsabilidade da demanda que a Lei de Acesso a Informação não produz. “Vivemos num Brasil em que quase nada funciona direito”, afirmou Claudio Weber Abramo.

Transparência Pública e Lei de Acesso: o papel da mídia
Palestrante: Cláudio Weber Abramo
Data: 13/07/12 – 9h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.

Fotojornalistas precisam ser multitarefas e saber também lidar com vídeo

Foto: Leandro Melito

Por Marina Ribeiro (4º ano/ECA-USP)

Celso Junior já participou da cobertura de duas copas do mundo, registrou a morte do papa João Paulo II e a nomeação de Bento 16, fez a única foto de Fernando Sarney chegando para depor na Polícia Federal e da ilha que clã maranhense possui no estado, acompanhou a campanha e grande parte do governo Lula e fez imagens que denunciavam a prostituição infantil na Amazônia. Todas as atividades mostram uma grande versatilidade como fotógrafo, mas para ele isso já não é o bastante. Segundo Celso é preciso estar apto a fazer também vídeos.

“O fotógrafo para ser completo tem que estudar cinema, tem que estudar áudio, roteiro, texto”.

Foto: Celso Junior/Agência Estado

Durante a palestra “Fotojornalismo: imagem informativa”, que aconteceu no dia 13 de julho como parte da programação do 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, o ex-profissional do jornal o Estado de S.Paulo apresentou o trabalho Meninos do Contestado em que mesclou seu trabalho de fotógrafo com o de documentarista.

Durante um ano de trabalho, Celso e o repórter especial da Agência Estado Leonencio Nossa, moderador da mesa, investigaram a fundo a história da Guerra do Contestado, que aconteceu no sul do país entre 1912 e 1916 e terminou com 8 mil mortos. Percorreram 8,5 mil quilômetros e conseguiram encontraram três sobreviventes do conflito: Altino Bueno da Silva de 108 anos, Sebatiana Medeiros de 102 anos e Maria Trindade Martins de 105 anos.

O trabalho se tornou um caderno especial do jornal e o documentário que pode ser visto abaixo clicando no link abaixo.

Meninos do Contestado (documentário)

Com o novo cargo surge uma nova preocupação: o áudio.  “É um fator que atrapalha muito e a gente não pensa muito. O disparo da câmera, por exemplo, atrapalha durante o vídeo”, diz o fotógrafo. Por isso, Celso se revezava entre as duas funções, sempre mantendo o tempo do personagem para reproduzir a situação como ela ocorreu.

“A minha vida no fotojornalismo é isso: tentar retratar o humano. Tudo o que a pessoa relatou durante a entrevista em uma fotografia” e agora também em alguns minutos de vídeo.

Foto: Celso Junior/Agência Estado

De sua experiência, ele reconhece algumas dicas fundamentais: sempre carregar todo o equipamento, ser discreto e fazer uma apuração prévia. Como exemplo, ele cita um caso curioso que viveu em 2006, durante uma viagem com a comitiva do então presidente Lula. Ao chegarem a um resort à beira mar no Piauí às 23h, Celso teve certeza de que o líder da nação iria para a praia de manhã. Durante a noite, manteve a discrição e não comentou com os fotógrafos concorrentes, ficou até tarde no bar do hotel jogando sinuca, durante a madrugada se posicionou com o equipamento todo na praia e dormiu lá. Nas primeiras horas da manhã, Lula apareceu para correr e dar um mergulho. O fotógrafo estava preparado e fez várias fotos. Dentro da água, de tênis e calça ainda ouviu a brincadeira do presidente: “como você é mané. Vem de calça para a praia?”.

Outra dica é estar sempre inteirado do que está acontecendo. Seja das notícias ou dos detalhes a sua volta para não perder nenhuma foto importante por despreparo. Ele conta que logo que se mudou para Brasília, foi mandado para o Congresso Nacional, com sua inexperiência respondeu: “fazer o quê?”.

Fotojornalismo: imagem informativa
Palestrante: Celso Júnior
Data: 13/07/12 – 9h

Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Pand Books, Propeg, Textual e UNESCO.