Fotos: Leandro Melito
Por Thales Willian (3º ano / Braz Cubas)
Os desafios da qualidade na produção do conteúdo para multiplataforma esquentaram o debate no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo nesta sexta-feira (13) na mesa com a presença do diretor de redação de O Globo, Ascânio Seleme, e do editor executivo da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila.
Segundo o jornalista da Folha, 73 milhões de brasileiros leem jornais impressos pelo menos uma vez por semana, contra 50 milhões que são adeptos às notícias na rede. “Isso mostra quanto o universo é contra-intuitivo”, ressaltou Dávila durante a apresentação de uma recente pesquisa feita pelo DataFolha sobre o hábito de mídia dos brasileiros.
Os dois jornalistas acreditam que como modelo de negócio, o jornalismo mundial passa por uma encruzilhada: olhar para novos caminhos ou manter o tipo de produção atual. Em busca de possíveis respostas à questão que afeta diretamente o setor desde o advento da internet, Dávila indica um olhar mais atento ao leitor.
Apesar dos números favoráveis ao impresso, as empresas se esforçam cada vez mais para manter a qualidade do conteúdo na rede. Para Seleme, a disputa entre os meios tem um lado negativo. “Os jornais sofrem cada dia mais concorrência de diversas naturezas que buscam informações em nossos sites e as transmitem querendo se confundir com a gente.”
Segundo Dávila, “ainda é o papel que paga as contas”Segundo Dávila, as empresas ainda não podem perder o foco da “galinha dos ovos de ouro”. No caso, o jornalismo impresso. Na Folha, por exemplo, de cada R$ 100 que entram na empresa R$ 90 vêm da publicidade no papel, da receita com assinantes e da venda do jornal em banca.
O jornalista lembrou que apesar de o veículo contar com 1 milhão de seguidores na rede social mais acessada por internautas – o Facebook –, ainda não é possível saber com clareza o que isso representa e como gerar receita a partir disso.
Presente na plateia, o jornalista homenageado no Congresso e colunista da Folha Janio de Freitas disse acreditar que os jornais erram quando repetem no papel o formato do jornalismo online. Os diretores dos jornais concordaram. Janio também criticou veículos que publicam textos curtos e convidam leitores a ler o conteúdo completo na internet.
O bate-papo entre os jornalistas provocou aplausos da plateia. “Foi mais do que eu esperava. É importante saber que os jornais grandes também estão discutindo a atuação na multiplataforma”, disse o repórter da Tribuna de Minas, Guilherme Ferreira.
Jornalismo: em busca da qualidade multiplataforma
Palestrantes: Sérgio Dávila e Ascanio Seleme
Data: 13/07/12 – 14h
Sobre o Congresso
O 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio/apoio da TV Globo, Correio Braziliense, Embraer, Estadão, Folha, Gol, Grupo Bandeirantes, Shopping Iguatemi, McDonalds®, O Globo, Oi, Tam e UOL, e cooperação de Associação Nacional de Jornais, Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo, FAAP, Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center, Lincoln Institute of Land Policy, Oboré, Open Society Foundations, Panda Books, Propeg, Textual e UNESCO.