Por Barbara Gomes (3° ano/ FIAM-FAAM)
“A ideia do filme é que ele também fique marcado pela vida”. O jornalista Bruno Quintella, há dois anos produz o documentário “Histórias de um Arcanjo – um documentário sobre Tim Lopes”, que tem previsão de lançamento nos cinemas para o final deste ano. O documentário relata momentos da vida do pai de Bruno que a população não conhece, misturando histórias pessoais e profissionais, que marcaram a história do principal jornalista investigativo da sua época.
“Eu ouvia professores de faculdades falando: Olha não vai virar um Tim Lopes, não vai vacilar”, contou Quintella , para quem a visão de alertas como estes tem o viés de ter de haver mais cuidado na proteção de jornalistas. Ele acredita que a morte do pai virou um marco zero para mudanças nas regras de proteção. Oito anos trabalhando na TV Globo, o mesmo veículo onde Tim Lopes encerrou sua carreira, fizeram com que o filho do jornalista presenciasse estas mudanças, inclusive, afirma, dentro da própria empresa.
Uma das ideias centrais do filme também é a reprodução de depoimentos de pessoas que não são jornalistas mas que participaram da vida do Tim Lopes. Assim o público que não faz parte do mundo jornalístico pode se identificar com a visão mais humanista do repórter. “Não pude sentar e tomar um chopp com meu pai para discutir como se faz uma boa pauta, este documentário é uma forma de me aproximar dele”, comenta o filho.
Quintella conta que, no trabalho, não se apresentava como filho do Tim Lopes, pois tinha medo de não alcançar a expectativa que se criava imediatamente de que ele se tornasse um jornalista tão brilhante quanto foi seu pai. Houve situações que após um ou dois anos de convivência com os colegas de trabalho surgia a pergunta: “Você é filho do Tim Lopes?”, e após a confirmação, “lágrimas”, brinca o jornalista.
“A minha visita a Pedra do Sapo, onde meu pai foi morto, foi como se eu dissesse a ele: Vai, agora você pode ir”. Estas palavras de Bruno Quintella marcam em sua vida o momento em que ele deixou o luto do pai para trás, aceitou o fato, complementado pelo dia em que ele cobriu, ao vivo, a fuga dos traficantes no morro do Alemão, sendo perseguidos pela polícia e pelo exército. “Eu travei, não conseguia chorar e nem escrever sobre aquilo.”
Com a visão de que a segurança à profissão de jornalista foi reforçada após a morte do pai, Bruno Quintella afirma: “A maior virtude de um jornalista é saber avaliar se uma matéria deve ou não ser feita, se vale ou não o risco”.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) segue um caminho paralelo a este. Criada, em 2002, em homenagem ao jornalista Tim Lopes, a asssociação expõe em seus projetos que não há apenas uma forma de se fazer o jornalismo investigativo.
Tim Lopes – O Documentário
Palestrante: Bruno Quintella
Data: 13/07/12 – 16h30
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Entrevista Bruno Quintella
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